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O Mercado Central de Belo Horizonte há mais de 80 anos mantém sua estrutura espacial com lojas organizadas em anéis concêntricos cortados por passeios perimetrais. A organização remonta seu início, quando os produtos ainda eram dispostos pelos comerciantes diretamente no chão.

A disposição das lojas e galerias com uma série de passagens, geram um espaço labiríntico responsável pela sensação deliciosa perder-se na infinidade de produtos, cores, texturas e aromas.

Para comemorar seu 90º aniversário no Brasil, em 2011, a Nestlé escolheu este mercado para abrir a Cozinha Escola Nestlé. O empreendimento foi alocado em uma das quatro lajes em forma de “L” que compõem um dos anéis formados por aglomerados de lojas no térreo. A intervenção arquitetônica foi pensada de forma a poder ser replicada nas outras três lajes sem ameaçar a matriz espacial do mercado.

A definição do espaço foi composta por uma malha de bambu que cria um ambiente interno acolhedor e um volume externo expressivo, integrado pela transparência da superfície. A textura da trama de bambu faz referência ao desenho dos elementos vazados em cerâmica que compõe a fachada do mercado, ao fazer artesanal e simbolicamente ao mercado como local de encontros.

A estrutura, foi executada por Lúcio Ventania, mestre de bambu de renome mundial e fundador da Bamcrus, e por trinta de seus alunos de comunidades de baixa renda.

Com 270 metros quadrados de área, a escola possui acesso pelo estacionamento em suas duas extremidades. Os espaços consistem, basicamente, na cozinha-escola e numa área livre para abrigar eventos variados. Nas extremidades de cada ala, próximo dos acessos, ficam dois blocos de apoio, um que abriga sanitários e outro que recebeu insumos e equipamentos para a cozinha. O fechamento de vidro e malha de bambu permitem ao público ver os acontecimentos internos e estimula a participação.